Ovomaltine para o “pibinho” virar “pibão grandão”
Marcos Cobra 31.12.2012
Após 10 anos no poder o PT busca um caminho
para se manter no timão do controle da nação, mas para isso precisa fazer crescer o PIB
raquítico de 2012, algo em torno de 1%, em meio ao desafio da crise internacional na
Europa e talvez novamente nos EUA caso este não consiga no ultimo dia do ano, se afastar do abismo fiscal,e evitar um novo período recessivo. O Japão
também não consegue se desvencilhar de uma concorrência chinesa, e exporta suas
fábricas para buscar sobrevida competitiva. Mas não é só a China que ameaça a
soberania industrial niponica. A Coréia, ameaça a industria automotiva e eletronica japonesa. E a China opulenta demais, como quem come em
exagero, começa a engasgar com o seu próprio crescimento.
Apesar de um quadro recessivo mundial,
o Brasil tem passado imune à crise. Nosso país assombra as economias desenvolvidas, com um
espantoso e surpreendente, desempenho, faceta essa decorrente de uma enorme quantidade de novos consumidores no
sonhado mercado de consumo. Calcula-se algo em torno de 46 milhões de pessoas que
migraram da condição de classe sócio econômica D para C. Esse enorme contingente
de pessoas fez com que a economia esbanjasse pujança, estimulado por juros
baixos. Porém, há uma enorme ameaça
pairando no ar , decorrente sobretudo dos infelizmente com investimentos baixos em infraestrutura, que
dificultam as nossas exportações, circulação restrita de mercadorias e pessoas.
Esse
contingente de novos consumidores, até a pouco eram considerados cidadãos de segunda classe que habitavam a
estatística da economia informal, do boia fria, do trabalhador sem carteira de
trabalho assinada.
Ávidos de consumo as pessoas recém empossadas
na categoria C, consumiram muito mais do que deviam ou podiam, e estimularam o
crescimento do país em meio as crises de uma Europa endividada e mais uma vez
sob a batuta de uma Alemanha austera e controladora.
Calote de 44 bilhões.
Descontrole
Aproveitando o crédito fácil, baseado na
popularização do consumo, as pessoas
foram se endividando e a nova classe média começa a dar um calote salgado, na
praça de 44 bilhões. Antes as pessoas deixavam de pagar a prestação pela perda
do emprego, hoje é pelo descontrole nos gastos. Estimulados a gastar as pessoas
foram adquirindo cartões de crédito, com valores que somados estavam acima da
sua capacidade de honrar os compromissos.
(artigo: Reportagem Especial – A ressaca do crédito. O Estado de São
Paulo. Caderno Economia B4 e B5).
Esse calote é recorde no setor automotivo,
pois na ânsia de fisgar novos consumidores das classes C e D, os bancos e
financeiras liberaram crédito sem critérios rígidos, com planos de pagamento
sem entrada e prazos de parcelamento em 60, 70 e até 80 meses. Instituições
financeiras repassavam comissões de 5 a 10% do valor do contrato aos vendedores
e concessionários.
Nesse ponto, sugiro uma reflexão espelhada no que aconteceu nos EUA com o
descontrole no crédito imobiliário, para não incorrermos em erro semelhante no
crédito mobiliário (leia-se automóveis, eletrodomésticos, eletrônicos,
informática, viagens etc).
A pedido do governo até os bancos públicos
entraram nessa farra de consumo exacerbado. E ai os bancos privados fizeram o
mesmo. Resultado, como no PIB o setor de serviços representa 60 % do
total, com um crescimento zero no PIB de serviços, no
último trimestre de 2012, resultado esse puxado do setor financeiro, essa foi
uma das causas do Pibinho. Vale lembrar que na última crise norte-americana de
2010 e 2011, que derrubou bancos, foi o endividamento do consumidor de imóveis,
que desempregado deixou de pagar suas dividas hipotecárias. E mesmo devolvendo
os imóveis o consumidor ainda era devedor.
Hoje no Brasil, existem cerca de 200 mil
carros, que sem pagamento estão sendo leiloados. Mas, para que exista comprador é
preciso que a economia brasileira, cresça acima dos raquíticos 1% e que haja
renda disponível para que os consumidores possam saldar seus compromissos atuais e futuros.
E para isso é importante que a economia do País cresça.
Portanto, precisamos dar Ovomaltine, para o
Pibinho virar Pibão, como quer a nossa Presidenta.
Marketing para a nova classe C
O novo consumidor classe C se tornou
comprador compulsivo e isso não é bom. No primeiro momento, essa euforia de
consumo, passou a ideia de que finalmente somos um país rico, acima de todas as
verdades de mercado. Passamos a ser a 6a. economia do mundo, com pretensões a
nos tornarmos rapidamente a 5a ou mesmo a 4a. economia do mundo. Hoje, porém na
esteira do pibinho de 2012, já estamos amargando a 7a. posição na economia mundial. Bem só há
um jeito,
precisamos frear o carro, na ladeira do
consumo exacerbado, para não derraparmos e perdemos o controle.
O consumidor deveria ser orientado pelos
bancos, e empresas como consumir, comprando
o necessário, sem exageros evitando o supérfluo. A ideia de um consumo
responsável, é primeiro obter o recurso para comprar e assim, poder negociar
taxas de juros menores. Porém como todos estavam ganhando, o risco de não
recebimento, era uma hipótese não sonhada.
A
redução de impostos em produtos da linha branca tem um efeito relativo, pois as
pessoas não vão comprar mais de uma geladeira, ou fogão, por ano. Assim, a
medida estimula o novo consumidor, até que
as pessoas menos favorecidas possam trocar o seu antigo eletrodoméstico.
O planeta já não comporta o consumo
desenfreado.
A poluição do gás liberado por uma
geladeira velha, jogada ao relento pode comprometer ainda mais o efeito estufa,
que provoca degelo nos polos sul e norte, com consequentes e imprevisíveis danos.
O consumidor precisa ser responsabilizado pelos danos ambientais que ele
produz. E não vale apelar ao desconhecimento para que o consumidor seja
isentado do mal feito.
Em síntese, é preciso um planejamento
estratégico, para o país orientar o seu crescimento responsável, e definir um modelo de crescimento econômico
baseado em consumo e produção.
Todos temos responsabilidades com o futuro
das novas gerações. O governo precisa
acelerar o investimento empacado em obras de infraestrutura do PAC. As empresas
precisam investir em novas e responsáveis tecnologias sustentáveis. E o
consumidor precisa consumir com equilíbrio, não se deixando levar por apelos
emocionais irresponsáveis. A sua saúde econômica , financeira e física depende
disso.
O
país precisa formular uma política para o desenvolvimento econômico e social.
Isso quer dizer que precisa refletir acerca do quadro internacional. A China, domina diversos setores industriais mas tem fome para
alimentar 1,3 bilhão de pessoas. Nesse quesito o Brasil, tem tudo para ser o
celeiro do mundo.
O
PIB industrial – tem se enfraquecido nos últimos anos, sobretudo pela
obsolescencia tecnológica, falta de investimentos em equipamentos e máquinas, e
principalmente na ausência de uma infra-estrutura para escoar ao produção
industrial. Falavam os economistas que era preciso abaixar o juros para o país
crescer. Os juros abaixaram, mas a economia não cresceu. Portanto, o inimigo é
outro. Sem dúvida, um grande inimigo é a
China, com uma concorrência até certo ponto predadora. Mas a China é também
parceira comercial, e portanto, não pode ser exorcizada. O fato é que o PIB
industrial vem caindo passamos de cerca
de 18 para 16 por cento. É preciso rever o modelo industrial brasileiro.
O PIB agroindustrial – o país é líder mundial na produção e exportação de
diversos itens, como carne bovina, suina e de frango. O Brasil é ainda o maior
exportador de soja, sucos citricos etc. É na verdade um celeiro para o mundo
atual. O agro negócio cresce e as possibilidades de safras agricolas para 2013
são auspiciosas.
O PIB de serviços – responsável por 60
porcento do PIB total, o Brasil, é por assim dizer um país de serviços. Mas o
turismo, há 20 anos não atrai mais do que 5,7 milhões de visitantes/ano vindos
do exterior.
Portanto, o Brasil precisa ampliar os
horizontes de obtenção de divisas, seja na atração de turistas, seja na
exportação agricola e industrial e isso passa por melhoria acentuada em portos,
aeroportos e estradas de rodagem e ferrovias. Mas para tanto, é preciso
acelerar os programas, que caminham a passo de tartaruga, embora tenham o
ambicioso nome de PAC – Programa Acelerado de Crescimento.
Por outro lado, fazer marketing apenas para
estimular o consumo interno, pode ser um exercício perigosa, que pode
comprometer seriamente a renda das pessoas, sem causar um desembaraço no nó do
crescimento econômico do país. Precisamos fazer um marketing global, divulgando
e estimulando o consumo de nossos produtos no exterior.
Enfim, concordo com os principais
economistas do país que sugerem investimentos e produção, antes de se estimular
exageradamente o consumo. Mas isso só
não basta.
Há
dezenas de outros itens a serem aprimorados, como a melhoria na competência gerencial no segmento governamental,
atrelado a um projeto estratégico para o
Brasil. A nível de Marketing falta
definir estratégias com a criação de novos produtos para as novas classe C e D. E é bom lembrar que em breve a classe C passa a B e a D passa a C.
E isso vai mudar muita coisa, desde produtos e serviços, até novos conceitos de
mídia social e tradicional. Bem e a
famosa classe A?
Essa é uma classe que
agora reune um seleto grupo de brasileiros entre as pessoas mais ricas do
mundo. As fortunas cresceram e os gostos se
sofisticaram. É importante reinventar o luxo para a classe A.